23 de nov. de 2011

Vai Pela Capa

Nessa semana passada teve SWU, Ladytron, Ok Go e Hatchets. Ler gibi só se fosse na lama de Paulínia, ou na caravana pra acompanhar o Ok Go. Bora compensar o atraso! Hoje tem novelão mutante, lama radioativa e o porque um apocalipse zumbi jamais ia dar certo. SPOILERS a todo momento!



UNCANNY X-FORCE #17

O que promete: a versão porn sado-masô da Família Adams

O que acontece: Você sabe qual a receita pronta de sucesso de um bom gibi dos X-Men? Rick Remender sabe.

Traições, universos alternativos e flashbacks, claro, como toda clássica história dos mutantes. Mas tem mais. Remender psicografa seu Chris Claremont interior nesse gibi, e desenvolve toda uma intriga emocional fincada em cima de um dos principais motivos que tornaram os X-Men no fenômeno que são hoje: o NOVELÃO.


Enquanto a X-Force - o time black ops que o Wolverine arranjou como desculpa pra realmente usar as garras de adamantium - enfrenta o Arcanjo, finalmente dominado pela influência de Apocalypse, Remender reinventa o famosos triângulo amoroso mutante.


Dessa vez, ao invés do eterno Ciclope, Jean Grey e Wolverine, temos uma Psylocke lutando com seus sentimentos pelo Arcanjo possuído, enquanto é seduzida por Fantomex - um Gambit, só que mais francês.


A arte de Opena é absurda, realista e fantástica ao mesmo tempo, dá veracidade à ação e drama de Remender, que pega tudo que você sempre curtiu nos mutantes, mas entrega com muito mais poder e velocidade. Eu não sou adepto dessa ideia onde "mais realista = mais violento", mas aqui, na natureza desse gibi, fica a sensação de que tudo pode acontecer.


BATMAN and ROBIN #3

O que promete: Quero ver o Cirque du Soleil superar essa.

O que acontece: Eu me reservo o direito de não fazer trocadilho com "dupla-dinâmica" e "dinâmica familiar".

Mas é o que acontece. Aqui, o Batman pode enfrentar o vilão que for - e sim, pela primeira vez em muito tempo, esse novo vilão parece realmente interessante - mas o destaque vai entregue na bandeja pro desenvolvimento do seu relacionamento com o novo Robin, Damien Wayne, seu filho.

Calma, não todo. Reserva ai uma parcela considerável de atenção pra arte do Patrick Gleason, que retrata com absurda flúidez os movimentos ágeis dos personagens em cenas de luta que explodem como se estivessem no telão do cinema.



Gleason, notóriamente conhecido pelo seus anos passados em escalas cósmicas no gibi da Green Lantern Corps, tem aqui a chance de mostrar a sua versatilidade no roteiro urbano de Peter Tomasi, também conhecido pelo gibi da Tropa, o qual conduz até hoje. Tomasi retrata um Bruce Wayne que, tão acostumado a ter todas as respostas, agora se pega sem saber como criar Damien, domar a fúria que toma conta do moleque. Alfred também tem destaque como um imprescindível meio termo unindo as duas partes, mais do que o coadjuvante eternamente cobrando a lateral nos gibis do morcego.


É um gibi mais curto, com apenas 20 páginas, então fica essa sensação de que tudo acaba rápido demais. Mas seja lá o que Gleason e Tomasi estejam tomando, eles bem que podiam repartir com o resto do reboot DC.


WALKING DEAD #91



O que promete: Um gibi de zumbi sem um zumbi na capa.

O que acontece: Na moral, eu não gosto de zumbis.

Não curto, não acho interessante, não acho original, não tem nada que me pareça válido na idéia, e acho mais emocionante ver grama crescendo do que acompanhar um Zombie Walk.

Se você parar pra pensar, a ideia de um apocalipse zumbi é talvez a mais imbecil ever. O zumbi, enquanto espécie, é formatado pra fracassar. A principal forma de reprodução do zumbi não só é a sua única fonte de alimento como também é seu maior predador. É como se você precisasse sair na mão com um LEÃO toda vez que quisesse fazer um sexo ou mandar um X-Bacon. Ok, é pior, é como se você tivesse que sair na mão com um leão ARMADO.

E convenhamos, por pior que esteja a balada ali na Augusta ou por mais sujo que seja o 'bar & lanches', a raça humana sobrevive.

Porque que eu me pego lendo Walking Dead então?



Fale o que quiser, fale que o gibi é sobre zumbis, fale que é sobre o apocalipse. Se engane. Esse gibi é sobre relações humanas. São um grupo de pessoas, reais, frente um destino horrível, tentando sobreviver e se relacionar e tocar suas vidas, num constante ciclo de traumas.

O seriado não pegou o jeito e cada episódio é pior e mais novelão que o outro, mas aqui, há 91 edições, Robert Kirkman consegue entregar a única coisa que promete, o coração desse gibi.


Ah, e carnificina. Quem não gosta de carnificina?


MUDMAN #1


O que promete: Jovem, nerd, é picado por lama radioativa.

O que acontece: Talvez o seu próximo super herói favorito.

Realidade fantástica, eu curto. Tenho ânsia de quando o gibi se define "realista" ou "mais pé no chão", porque, na moral, se eu quiser realismo e pé no chão, eu vou ler jornal. O que me interessa aqui é o quão fundo um roteirista consegue ir na fantasia, e usar isso como metáfora pra algo que todo mundo consegue se identificar. É ai que mora a verdadeira genialidade.

Dai você tem Paul Girst, já conhecido pelo seu trampo criando o absurdo, e nada menos que cult, Jack Staff.


Paul Girst não te deixa esquecer que entende perfeitamente do que está fazendo. Mudman começa com uma carta aberta ao leitor, onde Paul promete que ler esse gibi será como era acompanhar um seriado. Ao contrário de comprar o box de DVDs e assistir um atras do outro, mas sim quando se tinham episódios incríveis com esse tempo entre eles. Esse tempo onde você assistia, revia, e esperava por mais.

Aqui, somos rapidamente apresentados a Owen Craig, adolescente nerd que esbarra em condições misteriosas e acaba ganhando poderes. Longe de ser mastigado e entregue pro leitor, aqui você compartilha a confusão que o personagem sente por não saber o que está acontecendo, ou de onde exatamente vieram esses poderes.


O roteiro é inteligente e original, chega a parecer uma sitcom, e o estilo da arte mais puxada pro cartunesco, já faz com que você não leve nada tão a sério.

Na capa do gibi, Grist se refere ao herói como "your new favourite superhero comic". Não sei se vou concordar com isso já, mas com certeza vou estar aqui mês que vem pra descobrir.

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