31 de out. de 2011

Vai Pela Capa

Nessa semana temos o Cigano Ígor da DC, Danger Room no banheiro, robôs em crise existencial e ressaca de possessão demoníaca. CUIDADO! Podem haver SPOILERS!


WOLVERINE AND THE X-MEN #1

O que promete: Bom, promete sinceridade. Porque né, já tem uns bons 10 anos que o Wolverine já é o carro chefe, se não da Marvel, de toda a franquia X. Duvido você achar fácil qualquer merchandising de qualquer um dos filmes que não seja remotamente parecido com isso:
O que acontece: O melhor gibi mutante dos últimos tempos.

CLARO que quando eu li sobre, eu torci o nariz pra essa
Escolinha do Professor Logan. Já não bastava insistirem na puta ideia errada de manter toda a raça mutante confinada à ameaça de extinção, meter todo mundo no que já foi o Asteróide M e chamar de ilha, dividir o cast dos únicos personagens que carregavam as poucas boas mensais mutantes não me pareceu muito sensato.

Mas o resultado aqui surpreende muito. Se o Jason Aaron estava tentando psicografar esquisitisses dignas de um
Grant Morrison, ele acabou recebendo a descontração adolescente digna de um Lobdell. Sem dúvida na influência pura de Chris Bachalo, que desenha o gibi com a leveza do seu estilo mais cartunesco. Impossível não lembrar de Geração X, onde X-Men seniors driblavam a inexperiencia de ensinar com a estranhesa dos próprios alunos.
Estranheza que aqui se mantém. Muitas caras novas e antigas repaginadas. Um nerd da Ninhada. Quentin Quire e os Bamfs. Um filho do Gladiator do império Shi'ar.
Tudo isso num ambiente escolar que envolve desde aulas de educação sexual com o Gambit à uma Sala de Perigo no banheiro.

Não acho que o
MEC vá aprovar isso não.


AQUAMAN #2

                               
O que promete: piranhas.

O que acontece: Não muito, o mar é bem calmo por aqui. Geoff Johns segue num rítimo quase que
Bendiano, tudo demora muito pra acontecer, e quando acontece, falta impacto. Em grande parte, isso se dá pela forma que o Aquaman é caracterizado.

Entendo que o Geoff queira mostrar um herói mais identificável, longe da realeza de Atlantis, uma coisa mais pé no chão, mas até então o personagem é essa coisa meio apática: sempre se justificando, sempre sofrendo um bullying passivo-agressivo sem reação, quase que o Cigano Ígor da DC.

Quase me faz sentir falta do Aquaman mendigão dos anos 90. Quase.

Os vilões homens-piranhas também não ajudam, até então está tudo muito raso e desmotivado, mas isso eu imagino que vá mudar pra próxima edição. Quem sabe na próxima edição ja não da tempo do Aquaman realmente mostrar a que veio.

Isso porque até então, o que tem feito desse gibi leitura obrigatória, é a arte do Ivan Reis, que faz cada página valer a pena. Enquadramentos, detalhes, sequências. Não imagino o próximo
Eisner sem uma indicação óbvia pra esse gibi.


TRANSFORMERS #28

O que promete: Um péssimo dia pra ser um Autobot.

O que acontece: Em um mundo perfeito, esse gibi teria sido o storyboard da trilogia de filmes dos robôs. Pura guerra espacial em escalas épicas. Sem mamãe chapada de maconha, sem robôs mascotes, sem profecias bizarras em torno de artefatos sem sentido.
Definitivamente, sem Shia LaBeouf.

Aqui o que você encontra é Chaos, uma saga que obriga os Autobots, depois de muita treta na Terra, a voltar pra uma Cybertron devastada, mas que ainda sofre com a ameaça de Galvatron, que quer destruir o planeta pra deter um mal maior.

Daí você tem um Optimus Prime em crise de personalidade e liderança, e um Megatron que parece ser a única saida insanamente razoável desse inferno.

Muita coisa acontece o tempo todo, e a escala é sempre épica. Fica a impressão que se tem ao ver os filmes, se você piscar vai perder algo. A arte de Livio Ramondelli ao reconstituir Cybertron é quase um painel de caos e destruição, lembra muito as obras mais artisticas de desenhistas europeus do que a vibe comics dos americanos.

 
Painéis de arte sobre dramas existenciais profundos em meio a uma guerra espacial entre robôs alienígenas.

Isso é gibi de verdade.


DAREDEVIL #5

O que promete: Essa capa está a um Maurício de Souza de distância de ser um "os perigos da catapora"

O que acontece: Toda a ação, toda a criatividade, toda a malandragem que
reboots inteiros apenas sonham.

Mark Waid está longe de ter que provar alguma coisa pra alguém. Difícil lembrar um grande personagem pelo qual ele ja não tenha passado. Até mesmo aqui, já não é a primeira vez.

O personagem por sua vez, precisava de provação. Nos últimos anos, o Demolidor enfrentou desde a insanidade da esposa à uma possessão demoníaca, mas sem duvida seu maior vilão aqui foi a sequencia de clichês impostos por autores que se prenderam no modelo que Brian Bendis estipulou quando assumiu o personagem quase dez anos atrás.
Dessa vez porém, o que se tem aqui é uma aula. Waid e Marcos Martin merecem aplausos por criar um gibi que funciona tão bem em tantos níveis. Ao contrário dos que vieram antes, Waid opta por um caminho mais leve sem perder a tensão do suspense, convencional se mantendo imprevisível, e acima de tudo, inteligente.
Essa talvez a maior característica desse gibi. Você é lembrado a todo momento através do roteiro e da arte que o personagem tem essa deficiência visual e como o mundo é diferente pra ele. Coadjuvantes também tomam o foco que merecem e os vilões voltam a ser interessantes.
Se fosse pra apostar, eu diria que, como Miller e Bendis, esse será um dos runs épicos que vão definir o personagem.

2 comentários:

Adonay Esteves disse...

Uau. Belo post. Muito bem escrito. Embora há anos eu não leia gibis de heróis e ache Transformers um saco, deu até vontade de conferir. Vai que encanta.

Queria que vcs falassem do único gibi que tenho lido ultimamente: Fables. (de longe, a melhor novela já feita até hoje.)

André Oz disse...

Valeu, cara! Fables sem dúvida está nos planos. Só aguardar a próxima edição sair.